10 de Junho histórico com a Inauguração da Casa das Artes e da Eco-Laguna
O dia do 34.º aniversário da Banda Juvenil do Município de Gavião fica na história com a inauguração da Casa das Artes e da Eco-Laguna.
A antiga casa de João Ascensão, no centro da vila – Rua Dr. Dias Calazans, 34 – deixou o seu estado comatoso e passa a dar nova vida à terra. Com total respeito pela emblemática construção existente, ali nasceu a Casa das Artes que alberga o Posto de Turismo, uma loja de venda de produtos regionais, sala de provas e de receção, e no 1º andar duas salas centrais – sala Capitão Sílvio Pleno e sala Jaime Estorninho, fundadores da Banda – que recebem o Museu da Música, numa homenagem à Banda Juvenil, e mais duas salas afetas a exposições.
Numa delas está a exposição Quimera, trabalhos metalúrgicos extraordinários de Luís Rodrigues que remetem para o mundo do fantástico, e na outra a exposição temporária de trabalhos de Artur Gueifão, com miniaturas que replicam construções tradicionais diversas, utilizando os materiais tradicionais. Parte deste espólio regressará à Biblioteca, à qual foi doado.
Uma varanda virada para o enorme logradouro oferece um panorama inolvidável sobre a eco-laguna, a nova coqueluche de Gavião e que será a sensação deste Verão, e que é uma piscina diferente e belíssima, com fundo de areia, zona de jacuzzi e profundidade máxima de 1,6 metros, num enquadramento espetacular e servida por bar, instalações sanitárias e balneários, amplo relvado envolvente, esplanada e zonas de estadia.
O acesso à piscina é feito por uma rua pedonal que foi aberta e que permite a ligação direta entre o centro da vila e a Rua 23 de Novembro, com amplo parque de estacionamento e que serve a piscina coberta anexa, o Agrupamento de Escolas e o Centro de Saúde.
No amplo pátio de acesso à Casa das Artes existem dois espelhos de água, num dos quais foi erguida uma escultura de homenagem à Banda Juvenil – Sopro do Alentejo, com um saxofone em mármore e um sobreiro em metal – da autoria de Cristina Maria, e duas zonas de estadia muito convidativa com pérgulas e bancos.
O projeto foi sonhado e desenvolvido ao longo de oito anos e requalifica o centro da vila de uma forma extraordinária através de um investimento de 1,5 milhões de euros financiados a 85%.
O projeto de arquitetura é da autoria de Victor Lopes Soares, Ana Vieira da Silva e Filipa Soares, do gabinete Cubismo, tendo a obra estado a cargo da empresa 4Mb
Construções, que construiu a Incubadora de Empresas e está a construir o Museu dos Trens no antigo Seminário.
Presentes no acto inaugural, para além da Banda Juvenil com o maestro Paulo Pires, estiveram também o presidente da Assembleia Municipal, o presidente da CCDRA, Ceia da Silva, acompanhado pelo vogal Executivo PO Alentejo, Tiago Teotónio Pereira, a diretora Regional da Cultura, Ana Paula Amendoeira, o deputado Ricardo Pinheiro, os autarcas e ex-autarcas municipais, como Jaime Estorninho e João Galinha Barreto, autarcas de Freguesia e outras entidades concelhias, bem como o Pároco que no final benzeu as instalações, sendo de assinalar a presença de muito povo.
O presidente da Câmara, José Pio, vincou que este é «um dia tão importante que ficará na história e na memória das nossas gentes», com muito significado perante uma obra «extraordinariamente bem conseguida», sublinhando a recuperação notável da casa mas sem esquecer que «fica para trás um caminho que foi preciso percorrer», com «constrangimentos processuais» em que «não bastando as escolhas também tivemos de lidar com os adversários desta obra, não adversários leais mas ressentidos e traiçoeiros ao ponto de tudo terem feito para bloquear a realização desta magnífica obra».
«Como autarca lamento e não esqueço todos aqueles que se ocuparam em colocar entropias e promover ruído, não apenas neste processo e neste empreendimento, mas também noutros que geram desenvolvimento para o concelho e elevam a qualidade de vida da população», mas «desses certamente não vai rezar a História, porque a História vai contar a iniciativa, a persistência, a resistência e a vontade superior de garantir condições às nossas populações que esta equipa unida e coesa, que tenho a honra de liderar, soube desenvolver», vincou o presidente da Câmara.
«Queremos cidadãos mais felizes, mais conscientes do comunitário, apreciadores do belo e protetores dos recursos de todos», enfatizou José Pio para depois declarar que «hoje sinto-me realizado enquanto autarca, por termos conseguido vencer todas as barreiras e deixar esta marca histórica» que «contou com o empenhamento de todos», destacando «o inestimável contributo do vice-presidente António Severino, da vereadora Graciosa Chambel, do ex-vereador Jorge Santos, do chefe de Divisão Eng.º Firmino Espadinha e de todos os funcionários da autarquia», anotou José Pio que assume que «construímos e cumprimos», lembrando que «há oito anos poucos acreditaram» e «ainda sem projeto disseram-se as maiores barbaridades».
O presidente da Câmara deixou ainda o agradecimento aos arquitetos e à empresa construtora, bem como ao anterior presidente da CCDRA, Roberto Grilo, e «à Dr.ª. Maria do Carmo e ao Dr. Filipe Palma» da CCDRA, «pelo apoio que sempre nos deram na construção desta candidatura, e ainda ao atual presidente, Ceia da Silva, «pela continuidade do apoio»
Numa segunda parte da sua intervenção, José Pio felicitou a Banda e salientou a homenagem a dois fundadores, o Capitão Maestro Sílvio Pleno e o então presidente da Câmara Jaime Estorninho, agradecendo à família de Sílvio Pleno a cedência de parte do seu espólio para o Museu.
Dirigiu-se depois ao Maestro Paulo Pires que, «primeiro como executante e Maestro adjunto, e há mais de 30 anos como maestro» é o rosto da Banda, por isso «falar hoje da Banda é falar de ti» e «continuo a ver o mesmo jovem empenhado e dedicado a esta casa», a quem «deixo um agradecimento em nome de todos os gavionenses», realçando depois a «homenagem à Banda e a todos os que a integram e integraram, a todas as Direções e a todos os que um dia fizeram parte desta casa ímpar de aprendizagem e cultura», referindo-se a monumento Sopro de Música, sendo o presidente interrompido por uma estrondosa salva de palmas.
Já a concluir, José Pio agradeceu aos dois artistas, Luís Rodrigues e Artur Gueifão, pelo «gesto generoso de contributo à nossa terra» com a cedência dos seus trabalhos para exposição.
O edil ditou Pessoa – «Deus quer, o Homem sona e a Obra nasce» – para dizer que «esta era uma obra há muito sonhada» para «um espaço único, um potencial enorme mas em acentuada degradação», e se «a população há muito reclamava uma piscina, quisemos ir mais longe e associámos-lhe a Casa das Artes, numa justa homenagem àqueles que as tornam realidade e contribuindo para a riqueza e para a cultura do nosso concelho».
Depois do fado de Amália “Estranha forma de vida” interpretado por Cristina Maria, autora do monumento à Banda, acompanhada na guitarra portuguesa por João Vaz, a diretora Regional de Cultura do Alentejo sublinhou a importância do movimento filarmónico no Alentejo, felicitando a Banda Juvenil pelos seus 34 anos e «pelo trabalho que aqui é feito diariamente com os jovens», deixando também uma «homenagem ao Maestro Sílvio Pleno, figura de referência no movimento filarmónico».
Ana Paula Amendoeira realçou o «grande exemplo» que o Alentejo dá ao País com as suas bandas filarmónicas, «autênticas escolas de música» dinamizadas por voluntários e que muito contribuem para o desenvolvimento e cultura das gerações mais novas, sendo este um dos melhores investimentos que se podem fazer no futuro.
A seguir deu «os parabéns» ao presidente da Câmara «pelo investimento nesta Banda, pelo Museu da Música», assim «estimulando os mais novos e honrando os mais velhos e até aqueles que já não estão entre nós e que tanto deram para que a cultura musical do Alentejo não se perca». «A grandeza do Alentejo é a nossa identidade cultural, e é aí que temos sempre de continuar a trabalhar para que seja cada vez maior», e «temos é que ter apoio para fazer a nossa cultura», disse a diretora Regional da Cultura.
Depois de mais uma intervenção da Banda Juvenil, com os seus 60 elementos, foi a vez de intervir o presidente da CCDRA, que depois das felicitações lembrou que «sou de Alegrete» e realçou o grande exemplo de cidadania dado pela Banda da sua terra e para a melhoria de vida dos seus conterrâneos.
Fez depois um «cumprimento especial a duas figuras ímpares do País, João Galinha Barreto e Jaime Estorninho» cujo desempenho e exemplo enalteceu.
A seguir, e a propósito do discurso de José Pio, sublinhou que «os Velhos do Restelo não fazem parte da História. Fazem parte da História o Infante D. Henrique, Vasca da Gama, Pedro Álvares Cabral… aqueles que fizeram a diferença e aqueles que fizeram a obra, aqueles que nos tornaram imortais, não são aqueles que denegriram a obra que fazem parte da nossa História ou da nossa História coletiva».
O presidente da CCDRA enalteceu «a obra que José Pio aqui desenvolveu, nomeadamente neste seu último mandato – porque as coisas têm de ser preparadas previamente -, é de facto notável. Houve aqui uma revolução enorme neste centro de Gavião, como se justificava e merecia há muito», desde «a Incubadora de Empresas, a este autêntico centro cultural que desenvolve aqui várias áreas de intervenção (…), a eco-laguna, as melhorias na piscina municipal coberta, como outras obras num investimento enorme de milhões de euros aqui feitas em prol dos gavionenses» e «isso é algo que nunca podemos deixar de referenciar», lembrando em seguida que «dizer mal é fácil», mas é preciso reconhecer que «o que está aqui é uma obra notável que vocês vão vivenciar ao longo dos tempos , e mais do que nunca devem sentir orgulho», porque aqui em Gavião também houve intervenção junto dos mais carenciados, nomeadamente em termos de habitação social.
«José Pio, independentemente dos “velhos do restelo”, deixas aqui uma obra que orgulha os gavionenses, mas que principalmente te deve orgulhar a ti e à tua família», declarou Ceia da Silva, que falou ainda sobre as oportunidades de futuro no âmbito do programa comunitário 20-30, Barragem do Pisão, investimentos em Ponte de Sor e muito mais, como o incentivo para o regresso de jovens à região.
Notícia do Jornal Alto Alentejo da edição nº 824 de 14 de junho de 2023