Decorreu no final da semana a antiga e tradicionalíssima festa em honra de Nossa Senhora das Necessidades, que tem o seu santuário no Vale do Grou.
Ali decorreu no domingo a feira com sabor antigo, mas com cada vez menos vendedores e compradores, quando há menos de 20 anos até ainda se vendia ouro.
A festa foi perdendo vigor a partir das aparições de Fátima, ganhou novo fulgor no tempo da Guerra Colonial, mas ou passou a haver menos pedidos à Senhora das Necessidades ou a Senhora perdeu dotes milagreiros em que era afamada.
Ainda assim a devoção mantém-se e é curioso como a Senhora sai duplicada na procissão, pois esta é aberta pela imagem da Senhora do Rosário, secundada então pela Senhora das Necessidades, ladeada pelos seus anjos no andor e atravessando a feira, sendo que no entanto Nossa senhora é sempre a mesma, independentemente do nome em cada local ou situação.
A procissão atravessa a feira, dá a volta pelo campo e regressa ao santuário.
Contam-nos que antigamente as tendas dos vendedores fechavam-se com panos à passagem das imagens, coisa que já não sucede.
Também os pagamentos de promessa são menos visíveis, mas este ano ainda havia pelo menos uma pessoa descalça a pagar uma promessa. E os olhos arrasados de água de várias pessoas podem revelar muita coisa, desde a emoção, à alegria ou à tristeza, procurando o conforto da Mãe.
A missa foi celebrada pelo Pe. Cristiano às 13h30 de domingo, seguindo-se a procissão acompanhada pela Academia dos Amigos da Música das Gaeiras (entre Caldas e Peniche), e ainda muita gente compareceu, havendo pessoas de pelo menos de Margem, de Gavião, de Nisa, Monte da Pedra, Crato, Chança e Alter.
Entretanto as noites foram de petisco e convívio no recinto de festas anexo à Junta de Freguesia, onde não faltaram os pitéus, a cerveja bem fresca, a música, o bailarico e as célebres e sempre desejadas filhós, tal como no sábado não falhou a garraiada na única terra do concelho de Gavião onde tal é tradição.
Notícia do Jornal Alto Alentejo nº 785 de 07/09/2022
